Nova tecnologia não eleva produtividade

Nova tecnologia não eleva produtividade


Por Gustavo Brigatto

Apesar de investirem bastante na compra de novas tecnologias - foram US$ 130 bilhões ano passado - as empresas da América Latina não estão tirando o proveito que se espera da adoção dessas ferramentas, levando a um quadro de baixo ganho de produtividade em relação aos recursos aplicados. Essa é a conclusão de uma pesquisa feita pelo professor Raul Katz, da universidade de Columbia, sob encomenda do Grupo Assa, de serviços na área de tecnologia da informação (TI). A pesquisa foi feita por meio de entrevistas com executivos de 75 grandes empresas com atuação global e regional, além de análises de dados sobre a indústria de cada país.

Em uma escala de zero a 100, enquanto o nível de adoção de tecnologia teve nota média de 79,2 na região, o índice que mede seu uso de forma produtiva no dia a dia ficou em 46,6. De acordo com Katz, a explicação para essa discrepância é um comportamento bastante conhecido: as tecnologias são compradas e colocadas em uso, mas as rotinas de trabalho continuam as mesmas de antes.

Um exemplo é a empresa que compra smartphones para sua força de vendas na rua, mas não elimina a necessidade de entrega de relatórios em papel. Ou a companhia que não explica aos funcionários os limites dos pacotes contratados, gerando custos pelo uso indevido do telefone. “A compra de tecnologia não aumenta a produtividade de forma automática. É preciso que ela seja incorporada de forma produtiva nos processos. As empresas precisam passar por uma transformação digital. Mas essa é a parte mais difícil”, disse.

Apesar do cenário geral pouco auspicioso, alguns segmentos se destacaram de forma positiva no levantamento como os de saúde, bens de consumo, telecomunicações e transporte e logística. Em termos de países, as empresas do Chile e da Colômbia se mostraram mais preparadas para usar a tecnologia de forma mais eficiente.

De acordo com Katz, um dos grandes problemas é o tempo que esse processo leva para ser concluído. Dependendo do porte e do setor da companhia, a transformação do modelo de negócios pode levar de dois a cinco anos. “É uma proposta arriscada, mas que tem que ser feita. Caso contrário, não haverá com o que se preocupar no futuro, porque a empresa estará fora do jogo”, disse. Para ele, investir na produtividade é um aspecto crítico para as companhias da América Latina por conta do fim do superciclo das commodities. Na avaliação de Katz, com o preço das commodities caindo, as empresas terão que ser mais eficientes para serem mais competitivas.

Fonte: jornal VALOR ECONÔMICO

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